Imagine - Liam Payne XII

"Há certas pessoas para as quais você sempre volta, 
ela está bem na sua frente". 
- The Fray

Assim que a minha aula de Física II acabou encontrei Joe no corredor esperando por mim.
– Eai, resolveu seu problema no banheiro? – eu disse zoando com ele
– Há. Há. Há – Joe forçou uma risada –. Muito engraçada você!!! – ele revirou os olhos – Enfim, sim. Eu resolvi o MEU problema no banheiro!!!
– Você é muito nojento Joe! – disse rindo – Não acredito nisso...
– Se você fosse homem queria só ver como você ia resolver a sua excitação quando visse a Beyoncé! – ele tinha que falar na minha deusa Grega
– Por que você falou logo da Bey?! Deixe-a fora disso. – disse séria.
– Porque você acha ela gostosa. Ou estou mentindo?! – me encarou – Olha, a prostituta da faculdade vem ai.... – ele disse batendo no meu braço se referindo à Brunna. E eu revirei os olhos quando ela passou por nós, e ela descaradamente piscou o olho pro Joe e sorriu maliciosa. – Você viu só aquilo? Ela piscou o olho pra mim! – disse animado
– Você não quer um babador? Minutos atrás você chamou ela de prostituta, e agora está "caidinho" por ela? – gesticulei as aspas com os dedos encarando ele – E não, você não estava mentindo quando disse que acho a Beyonce gostosa.
– Tá. Tudo bem que a Brunna pode ter fama de vagabunda, puta... Mas ela é gostosa! – levantou os ombros
– Beyonce é gostosa e nem por isso tem fama de puta, vagabunda e tal... Ah, e não tem fotos dela pelada no celular dos outros. – disse erguendo as sobrancelhas
– TA CIRCULANDO FOTOS DA BRUNNA PELADA? – ele disse surpreso e elevou um pouco a voz
– Fala baixo. – eu disse olhando para os lados pra ver se alguém escutou – Você não sabia?
– Não, você tem essas fotos? – disse animado
– VOCE ACHA MESMO QUE EU VOU TER FOTOS DAQUELA IDIOTA PELADA NO MEU CELULAR, JOSEPH WEST?
– Dá parar de me chamar assim? – disse irritado – Dá a impressão de que você está com raiva de mim.
– Vamos ao DOC's, estou morrendo de fome! Não quero saber dessa garota... – disse impaciente
– Tá com ciúmes? – ele ergueu a sobrancelha sorrindo
– Qual é Joseph!!! Eu não estou com ciúmes dela. Pelo amor de Deus!!! – puxei-o para fora da Universidade
Saímos da Universidade em direção ao DOC's. Por mais que fosse próximo a faculdade, fomos de carro. Enquanto observava Joe trocar a estação de Rádio pelo canto dos olhos, ao mesmo tempo eu a vi, brilhando no horizonte. Mais bela do que as noites passadas. A Lua. O céu estava limpo. No meio de toda aquela escuridão havia uma luz. “No meio de toda aquela escuridão HÁ uma luz” eu disse pra mim mesma. Sem nenhuma nuvem, mesmo estando sozinha ela nunca deixava de brilhar. Ela conseguia ser independente. “Sempre repare nas coisas simples da vida”, dizia meu pai. A vida tem seus momentos caóticos, na qual eu estava vivendo no momento. Mas algo dentro de mim fez com que meus olhos a observassem, a admirassem. Algo fez com que eu a olhasse e capturasse aquela raridade, guardando-a em minha memória. E isso me trouxe uma paz interior inexplicável. Era noite de Lua cheia. E sua cor estava fora do normal... Um alaranjado para vermelho, mesmo assim continuava brilhando intensamente. E involuntariamente eu sorri.
– Está tudo bem s/n? – Joe perguntou curioso
– Encosta o carro! – disse tranquila
– O que? – disse nervoso – Você está bem? – ele ainda não havia nem se quer reduzido a velocidade
– Encoste o carro. – falei tirando o sinto de segurança e direcionando a mão à porta do carro
– Tudo bem, calma! – ele diminuiu a velocidade e encostou o carro no meio fio e abri a porta do carro
Não havia casas ao redor, não havia iluminação. Nesse momento a Lua estava entre montanhas. Fiquei alguns minutos admirando-a. Sem nenhum propósito. Quantas pessoas reparam realmente no pôr do sol? Nas maravilhosas cores que o céu forma quando o sol está prestes a ir embora avisando que a escuridão está chegando... Quem repara no voar de uma borboleta indo de uma flor a outra em um dia ensolarado? Na magnitude de suas asas diversificadas de acordo com a espécie... Quem realmente fecha os olhos ao ouvir “aquela” música, cujo a letra diz o que você está sentindo, ou está tentando sentir o que o compositor sentiu ao escrever aquela música, que a faz ser a sua favorita? “Sempre repare nas coisas simples da vida”. Repare. Sinta.
Joe se aproximou de mim calmamente e me abraçou pelos ombros, fazendo com que eu o abraçasse pela cintura. Nos olhamos e sorrimos.
            – Está tudo bem? – ele perguntou olhando pra mim e eu voltei a observar a Lua no horizonte
            – Sim... – disse sorrindo e encostei a cabeça em seu peito
            – É lindo não é? – ele também sorria, o observei rapidamente
            – Sim... – ele me abraçou por completo, ambos olhando pra Lua
            – Foi por isso que você pra parar o carro? – mexeu calmamente em alguns fios do meu cabelo que estavam soltos
            – Ela merece toda atenção esta noite... – fechei os olhos brevemente, sentindo uma calmaria dentro de mim
            – Com certeza! – encostou seu queixo em minha cabeça – Você parece mais tranquila!
            – É porque estou... – dei uma leve risada
            – E eu posso saber o motivo? – ele me soltou de seus braços fazendo com que eu o olhasse
            – Sinto que... alguma coisa boa vai acontecer. – dei de ombros
            – Isso é bom. – me abraçou de volta e voltamos a observar a Lua. – Você sabe que temos que ir trabalhar não é? – ele me trouxe de volta ao mundo caótico
            – Sim, eu sei Joe. – sorri – Só mais uns minutos? – olhei esperançosa
            – Só mais 10 minutos. – ele me abraçou mais forte
[...]
– O que vão querer? – disse o garçom assim que nos sentamos na mesa da lanchonete
– Eu vou querer um x-hambúrguer sem cebola e uma coca, por favor... – espiei o nome que estava em seu crachá – Jason.
– E você? – Jason olhou pra Joe
– Uma fatia da torta de chocolate, por favor. – respondeu rapidamente
– Tudo bem, já trago o pedido de vocês! – ele sorriu gentilmente e foi embora
– Então... As ligações ainda estão acontecendo? Digo, ainda estão te ligando com número privado? – Joe disse olhando o cardápio, apenas para fazer o tempo passar
– Não... As ligações pararam. – disse despreocupada
– Você não acha que foi ele?
– Ele quem? – disse com receio da resposta
– Liam, S/n... – ele revirou os olhos
– Não sei, eu realmente não sei! – tombei a cabeça pro lado – Pode ter sido qualquer um. Mas o que realmente "entrega" a pessoa é o fato de ter chorado quando estava comigo ao telefone.
– Ele não deixou nenhuma mensagem de voz, texto... Mensagem no Twitter. Nada? – Joe perguntou incrédulo
– Minha secretária eletrônica está cheia, tenho que ouvir as mensagens hoje. Caso não, elas irão se apagar automaticamente. Creio que deve haver mensagens dele... Ou dos meninos, já que não falei mais com eles. – Jason trouxe nossos pedidos e começamos a comer antes de ir trabalhar. – Você não vai beber nada?!
– Vou sim. – disse sorrindo – Vou beber coca com você. Vamos dividir... – ele disse pegando um canudo
– Você está muito ousado!
– Eu preciso te contar uma coisa... – disse parando de comer, ela já estava na metade da torta, ele come rápido
– O que foi?! Aconteceu alguma coisa? – falei já preocupada
– Eu... – ele respirou fundo – Estou saindo com uma pessoa! – disse cobrindo o rosto com vergonha
– AI MEU DEUS. SÉRIO? – falei surpresa e alto demais – Por que você não me disse antes?! – bati no braço dele
– Não é nada sério por enquanto, mas eu estou gostando dela... – sorriu
– Eu realmente fico feliz por você Joe, sério. Desejo toda felicidade e que dê certo... – estendi a mão sobre a mesa em direção a dele, e assim que a encontrei, segurei forte demonstrando companheirismo e sorri – Não acredito que você vai me trocar... – disse brincando
– Não vou te trocar s/n... Você sempre terá uma entrada VIP no meu coração! Eu te amo, e você sabe disso. – apertou levemente minha mão e sorriu
– Você vai me fazer chorar... Ai meu Deus! – passei alguns dedos sob meus olhos assegurando que nenhuma lágrima estava prestes a cair
– Mas, caso você e o Liam voltarem a se falar... Ele não vai ter mais motivos pra ter ciúmes de mim!!! – disse soltando minha mão e voltou a comer
– Onde vocês se conheceram? – mudei de assunto – Você deveria ter me contado desde o começo. – disse indignada
– Eu sei, eu sei. Só que você estava naquela fase tão depressiva... E eu só pensava em cuidar de você. Fazer você esquecer um pouco desse seu desentendimento com o Liam. Me desculpe, eu deveria ter contado.
– Tudo bem... – levantei os ombros
– Nos conhecemos numa festa de amigos em comum. Ela estava com aquela cara de quem não estava se divertindo. – ele sorriu – Então a chamei pra jantar... Peguei o número dela e estamos saindo... Nos conhecendo melhor.
– Eu ainda não estou acreditando... – suspirei
– O que? Você realmente pensou que eu fosse gay, S/n? – disse rindo
– NÃO – gritei – . Eu só dizia aquilo pra te irritar... Sei que você não é gay. Meu Deus, antes foi o Liam, agora você! – disse desanimada
– S/n... – disse sorrindo, levantou-se e me abraçou pelos ombros já que eu estava sentada – Você sempre vai ser especial pra mim, não importa o que aconteça. Sou grato por ter você em minha vida e ser seu amigo. Sou grato por tudo o que você tem feito por mim. – o abracei de volta prestes a chorar – Ei, não quero que você chore! – esfregou as mãos nas minhas costas com força, me abraçando mais forte
– Eu... Só não quero ficar sozinha... – disse já chorando – Só isso.
– Ninguém quer ficar sozinho, pequena... – disse calmo, e sua voz saiu quase como um sussurro – Olhe pra mim! – ele limpou as lágrimas que caíram e sorriu pra mim – Eu amo você – beijou minha testa –. Com namorada ou sem namorada, eu amo você! – eu sorri de volta
– Deus, vocês já estão namorando? – disse rindo
– Não. – ele sorriu – Bem, ainda não.
– Eu também te amo, Joe – o abracei, fortemente e relaxei
– Você precisa conversar com o Liam, precisa resolver as coisas entre vocês.
– Eu sei disso... – disse desanimada
– Você gosta dele?
– Hm... – espreitei os olhos – Não sei.
– Sabe o que eu mais admiro em você s/n? – ele sorriu
– Não. Não sei!
– Você ama as pessoas, confia nas pessoas sem esperar receber algo em troca – fiz uma careta, mesmo sabendo que ele estava certo –. Você sempre vê algo bom nas pessoas, por mais que elas pensem nos seus contra... Nos defeitos. Você apenas ama e confia. Eu admiro isso em você. – beijou minha testa novamente
– Em algum momento eu te sobrecarreguei?
– Como assim? – ele espreitou os olhos
– Tipo, sobre essas coisas que tem acontecido entre mim ou o Liam... ou qualquer outro problema. Não sou muito de desabafar com as pessoas, elas tem seus próprios problemas.
– Muito pelo contrário. Fico preocupado quando você não conta o que está pensando ou pelo o que está passando. Você não precisa passar por isso sozinha s/n... – Joe sussurrou
– Eu sei, é que eu não gosto de ficar dependente de alguém. Eu sinto que posso lidar com meus problemas sozinha. Que posso superá-los. Mas quando penso que superei-os, tem algo que me põe de volta a reviver aquilo, e a sofrer de novo. – eu finalmente pude olhar em seus solhos, e os vi com um olhar de tristeza.
– Odeio te ver assim s/n... Tão vulnerável, tão perdida. – agora foi a vez dele chorar – Me sinto um idiota por não saber o que fazer. – ele me abraçou o mais forte que pôde.
– Droga Joe, viu só porque não gosto de te contar as coisas... – me senti culpada
– Por que você tem que bancar a durona, hein? – deu um sorriso fraco e enxugou as lágrimas
– Porque essa é a única alternativa. Agora pare de chorar, quero ver você sorrir... – ele sorriu achando graça no meu comentário
– O que seria de mim sem você? – as lágrimas voltaram a surgir em seus olhos, mas ele ainda sorria
– O que foi que eu falei? Sem choro. Ande, trate de colocar um risinho lindo nesse seu rosto. – disse mandona e ele gargalhou – Não seríamos nada se não tivéssemos um ao outro. – sorri e acariciei seu rosto.
Ele pegou o dinheiro para pagar a conta, sem se importar se havíamos comido tudo ou não.
– Temos que trabalhar pequena! Vamos.

[...]

LIAM’s PART – Narrado por Liam – 

A cada término das canções eu sentia meu coração se contrair ainda mais dentro de mim. Ficando mais nervoso. Ficando mais alegre. Porque eu iria fazer o que queria. Vê-la.
Quando as músicas melancólicas tocavam, eu cantava com os olhos cheios de lágrimas. Pois eu sabia que ela adorava essas músicas... Over Again, Summer Love, Change my Mind... Little Things. Eu cantava cada palavra olhando pro céu perguntando a mim mesmo se ela estaria fazendo o mesmo. Observando as estelas e a Lua, que estava cheia. Perguntando se ela estava sentindo o mesmo que eu. Observar a Lua, as estrelas era a única forma de me sentir mas próximo à ela. Não importava a distância em milhas, se estivéssemos olhando para o céu... estaríamos vendo as mesmas constelações e o meu astro.
            Assim que o show acabou, fui correndo pro camarim pegar minha mochila que havia algumas roupas já que iria passar dois dias em Londres. E Paul estava me esperando para repassar os avisos.
– Que horas é o meu voo? Quero chegar lá o quanto antes... – eu estava nervoso e animado ao mesmo tempo.
– Calma Liam, são 7 horas da noite ainda. Você tem pouco mais de 1 hora. Você tem que ir agora, o Mark vai levar você até ao aeroporto! Assim que você chegar no aeroporto de Londres me ligue. Não quero ir pra Guilhotina! – Paul também estava nervoso.
– Você tem lido muito sobre Revolução Francesa, não é? – disse rindo – Mas não se preocupe, vai dar tudo certo... – espero que sim, confiança Payne.
– Seu passaporte, passagem e documentos estão na mochila. Cuidado para não perde-los, você já sabe disso!!!
– Sim Paul. Eu sei – revirei os olhos –. Onde estão os meninos? Eu tenho que ir embora. – já com mochila nos ombros caminho em direção a saída e avisto os meninos
– Pensou que ia embora sem nos despedirmos? – Zayn disse sorrindo e me deu um forte abraço
– Não acredito que vocês vão começar a namorar... – Louis se manifestou pouco mais atrás.
– Não sei nem se ela vai me perdoar Louis... – suspirei
– É claro que vai Liam, você tem que pensar positivo. S/n, é uma garota de bom coração. Você sabe disso... – Harry disse confiante. Mark buzinou do carro com o intuito de me fazer correr
– Tudo bem, eu tenho que ir! Me desejem sorte... – sorri e fui em direção ao carro
– BOA SORTE!!! – eles gritaram e acenaram pra mim já se despedindo
– Ok Mark, aeroporto o mais rápido possível! – disse já dentro do carro
– Sim, Senhor Payne! – Mark disse pisando com força no acelerador, o aeroporto não era muito longe mas não sabíamos as condições da estrada nesse momento. Se estava com trânsito ou parcialmente livre, sem perturbações.
Chegamos no aeroporto em 25 minutos. Peguei minha mochila que estava no banco de trás do carro, Mark me deu um abraço e desejou boa sorte! Não havia necessidade dele me acompanhar até a área do Check-in, eu poderia ser reconhecido... E isso não estava nos meus planos. Iria me atrasar mais ainda!
Estava vestindo uma jaqueta de couro preta, com uma blusa xadrez por baixo... Boné e óculos escuro também faziam parte do meu look. Mas estava de noite. A questão é que eu não queria ser reconhecido. Já na fila do Check-in, com passaporte, identidade e passagens em mãos, eu batia os pés no chão demonstrando nervosismo. Quando chegou a minha vez entreguei o que me pediram e caminhei em direção ao portão de embarque com o comprovante que me autorizava fazer o que eu mais queria nesse momento. Ir para onde o meu coração, corpo, mente e alma queriam estar.
Procurei a numeração da poltrona que indicava o bilhete, e agradeci mentalmente a Deus por ser próxima à janela. Sentei-me e coloquei a mochila no colo, peguei meu celular e coloquei em Modo Avião, antes que a voz do comandante ou da aeromoça ecoasse pelo autofalante pedindo para que desligassem os aparelhos eletrônicos. Assim que o avião decolou fui fechando os olhos lentamente, desejando que as horas passassem rápido e o cansaço veio junto fazendo com que eu dormisse durante o vôo.
“ – Qual foi a sua maior decepção? – eu perguntei calmamente
            – Eu acho que sou o tipo de pessoa que impõe muitas expectativas em uma pessoa... Então quando eu vejo que não é correspondido, eu fico decepcionada. Ou quando a pessoa muda de uma hora pra outra. – ela respondeu sem olhar em meus olhos. S/n é uma das garotas mais extrovertidas que eu conheço, mas com ao passar do tempo ela teve que construir sua própria armadura, e do coração, fez a coisa mais cuidadosa que pôde, construiu uma barreira. E aqui estava eu, querendo destruí-la, afim de conhece-la melhor. – Por que está me perguntando isso? – ela finalmente me olhou
            – Sei que somos melhores amigos, mas... às vezes tenho a impressão de que não te conheço. – eu disse triste – Você nunca me contou sobre seu pai. Sei que você é do Brasil, mas nunca me falou sobre onde você morava... ou dos seus antigos amigos.
            – Ok. O que você quer saber do meu passado? – ela me olhou séria
            – Eu posso perguntar o que eu quiser? – falei entusiasmado e com medo de fazer alguma pergunta indelicada
            – O que você quiser! – disse despreocupada
            – Como é o seu pai? – disse animado
            – Qual dos?
            – Você tem dois? – disse surpreso
            – O biológico e outro por consideração... Sobre qual deles você quer saber?
            – Pode ser dos dois? – estava começando a ficar nervoso
            – Meu pai e minha mãe são separados desde os meus 2 anos de idade. Eu não convivi muito com ele já que morava com minha mãe, mas lembro que ele me ensinou a andar de bicicleta – ela fechou os olhos, tentando buscar no fundo da memória o fato e depois abriu rapidamente –, lembro que ele comprou uma bicicleta roxa com os adesivos de flores e ela tinha uma cestinha... Lembro dele me ensinando a cantar uma música que toda vez que a ouço lembro-me da minha mãe, eu tinha uns 6 ou 7 anos quando passei um final de semana com ele, com a madrasta e meu irmão por parte de pai. É a única lembrança que eu tenho dele. Eu não sei mais como é a voz dele. A personalidade. Ele nunca me ligou em datas comemorativas, como Natal, Ano Novo ou até meu aniversário. – ela deu de ombros, mas o pouco que eu conhecia dela, ela queria que isso fosse diferente. Queria ter alguém pra chamar de pai.
            – E o de consideração?
            – Ah, ele me ajudou no momento mais difícil da minha vida. Ele sempre esteve do meu lado, mesmo indiretamente. Me aconselhava, me dava carão quando era necessário... Me fazia sorrir quando eu estava triste. – a voz dela começou a ficar entorpecida por causa do choro que estava prestes a vir – Eu sinto saudades dele.
            – Como você o conheceu? Ele e sua mãe, tiveram um relacionamento?
            – Não, ele era meu professor. Quando eu mudei de escola, eu o conheci e sem querer chamei-o de pai. Eu pensava que ele ia ficar furioso – ela sorriu –, ou com raiva. Mas ele me chamou de filha. Então ele dizia que eu era a filha dele, e eu dizia e digo que ele é o meu pai.
            – Em que momento ele te ajudou? – eu comecei a mexer em seu cabelo, já que estávamos sentados um de frente pro outro no sofá
            – Em 2010 minha mãe fez uma pequena cirurgia na cabeça mas se agravou com o passar do tempo, pois ela pegou uma bactéria hospitalar e prejudicou os pulmões, resultando em pneumonia. Ela foi entubada pois não conseguia respirar sozinha, só com o auxílio dos aparelhos. Começou a tomar medicamentos fortes, e afetou o rins dela, então ela começou a fazer hemodiálise por quase 2 anos. – ela falava lentamente, e percebi que essa era a pergunta indelicada – Nesse tempo eu não fui visitá-la porque eu não sabia sobre o estado crítico dela, minha avó não me dizia nada, só falava que minha mãe estava bem e que logo iria vir pra casa. – seu olhar era triste, e eu estava fazendo ela sentir tudo o que sentiu naquele ano. E eu me senti péssimo por isso – Eu só soube disso quando minha tia da Suíça estava vindo pro Brasil e me contou. A partir daí comecei a chorar na escola, rezava o terço do que eu rezava todas as noites. Então meu pai tentava me acalmar o máximo que podia, e a minha melhor amiga também. Então, como uma fênix minha mãe ela ressurgiu das cinzas. Deus, aquele que é Grande e Poderoso na minha vida, deu a ela uma chance de recomeçar, de reviver.
            – Eu sinto muito. – disse abraçando-a
            – Tudo bem, Liam. Já passou... – ela retribuiu o abraço
            – E foi nesse ano que você nos conheceu, certo?
            – Sim – ela sorriu –, foi em Outubro.
            – Podemos falar sobre garotos? – o assunto estava escapando entre meus dedos
            – O que você quiser Liam. – ela se remexeu no sofá em busca de uma posição confortável
            – Com quantos garotos você já ficou? – tive medo da resposta
            – Acho que uns oito... – ela disse insegura
            – Desses oito, algum foi relacionamento sério? – droga, eu não deveria ter perguntado sobre garotos
            – Não. – disse calma – Nunca namorei. – fiquei surpreso – O que foi? – ela sorriu
            – Como assim você nunca namorou? – perguntei incrédulo, mas no fundo estava feliz
           – Sim, nunca namorei. Na verdade eu não penso sobre essas coisas... É difícil eu me apaixonar por um garoto. – ela ficou pensativa de repente – Não, espere. Eu já fiquei com um garoto por três meses, eu não diria que foi namoro, porque ele nunca me pediu... Nós “terminamos” quando eu descobri que ele ficou um umas garotas numa balada, Casa Noturna... sei lá como se chama. Eu gostava muito dele, então quando eu soube, disse pra mim mesma que nunca mais iria sofrer por um garoto. Até que você e os meninos apareceram na minha vida e acabaram com a minha promessa. – ela me encarou e fez uma careta e eu sorri
            – Então, nós acabamos com a sua vida?
            – Sim e não – ela tombou a cabeça pro lado esquerdo e direito, pensando –, gosto de ter vocês na minha vida. – ela mexeu no meu cabelo e acariciou meu rosto
            – Eu também gosto de ter você na minha vida. Na verdade eu não seria nada sem você... – estava prestes a chorar, só pensando na possibilidade de perde-la por um momento.
            – É claro, eu sou muito amável. – ela jogou o cabelo se exibindo, o que me fez rir e chorar
            – E convencida também. – eu ri mais ainda e enxuguei as lágrimas – Por que você diz que as pessoas mudam quando elas começam a namorar?
            – Porque é a verdade. – sincera como sempre
            – Mas você tem algum argumento convincente? – ergui a sobrancelha mesmo sabendo que ela sempre vencia de mim quando se tratava de ideias, argumentos e ideologias
            – Quando você começa a namorar, você quer estar perto da pessoa que você ama. Ou seja, você deixa seus amigos um pouco de lado, para de sair com eles e passa a sair mais com a namorada. – ela estava certa
            – Tudo bem, Oprah! – ergui as mãos me rendendo. E a encarei, sentindo uma alegria imensa por realmente ter conhecido ela, e repentinamente senti uma tristeza e um medo enlouquecedor ao pensar que poderia perde-la.
            – O que foi Payne? – ela indagou calmamente mexendo no meu cabelo
            – Tenho medo de perder você... – baixei a cabeça e comecei a chorar
            – “Existem certas pessoas para as quais você sempre volta, ela está bem na sua frente...” – ela sorriu, ela adorava essa música, e a banda também. The Fray. Ela sempre dizia a coisa certa. Ela sempre dizia o que eu estava precisando ouvir. – Vou sentir saudades quando você for embora... Turnês sempre atrapalham a gente, começando pelo fuso horário – ela revirou ou olhos
            – Nós vamos dar um jeito. Nós sempre damos... – encostei minha cabeça em seu ombro enquanto ela mexia no meu cabelo
            – Você é tão carente Liam... – disse rindo, e eu tinha certeza que ela revirou os olhos
            – Eu gosto dos seus cafunés. – joguei as pernas sobre seu colo, quase sentando em cima dela
            – Você parece um bebê assim. – ela me abraçou
            – O que seria de mim sem você, e seus carinhos? – olhei pra ela rapidamente – Nada. Absolutamente nada... – suspirei fechando os olhos. E ela foi desaparecendo da minha mente como o vento espalhando a fumaça”
Não...”. Eu comecei a me remexer na poltrona do avião. Ela tem que voltar. Tudo o que eu via era a escuridão. E eu estava lá, sozinho. “Não, volte! Volte.” Eu balançava a cabeça. “Eu quero você de volta. Volte pra mim, volte para a minha vida... Por favor”. Alguém me chamava. “Apenas volte, é só isso o que eu quero”.
            – Senhor... – alguém me balançava
            – NÃO! – eu por fim acordei
            – O senhor está bem? Precisa de alguma coisa ou está passando mal? Está suando... – a aeromoça estava preocupada
            – Não – respirei fundo tentando me acalmar –, eu estou bem... Foi um sonho. Só um sonho. – eu olhei pela janela querendo já estar em Londres. – Quanto tempo ainda resta de viagem?
            – Apenas uma hora e meia. – ela disse calma
            – Apenas? Uma hora e meia, e você só diz “apenas”? – bufei com raiva
            – O senhor dormiu quase todo o percurso da viagem, uma hora e meia é o de menos agora, senhor... – sorriu e foi embora. Droga. Peguei meu celular, preciso de músicas que me acalmem... John Mayer, álbum? Continuum. Perfeito. Fechei os olhos e voltei a dormir. E junto com a melodia vinham as lembranças.
“ – Não tem cabimento, Liam – ela disse sorrindo, enquanto eu afastava os móveis da sala.
            – Por que não? Vai ser legal... – eu disse já de pé com a mão estendida em sua direção, esperando ela aceitar meu convite ouvindo a canção tocar
            – Tudo bem – ela revirou os olhos –, mas é só essa música! – ela pegou minha mão e a puxei para mais perto de mim encostando nossos rostos um no outro
            – Deus, obrigada por John Mayer ser tão talentoso... Essa música é dos deuses... – ela gargalhou
            – Ok, tenho que admitir... É inexplicável o que eu sinto quando eu ouço essa música. Isso faz sentido? – riu mais ainda
            – Não! – foi a minha vez de sorrir. Me afastei dela por alguns segundos e segurando uma de suas mãos eu a rodei no ritmo da música. E eu nunca a vi sorrir tanto quanto estava fazendo agora. O movimento que o cabelo e o vestido fez enquanto ela rodopiava, era magnífico. Nos aproximamos um do outro novamente e voltamos a dançar no meio da sala. E conforme cada letra John Mayer cantava, ela cantarolava junto bem baixinho, mas eu conseguia ouvir, já que sua boca estava próxima da minha orelha.
Era a mesma música que eu cantava quando ela não conseguia dormir. “Who do you love? Girl I see through, through your love... Who do you love? Me or the thought of me? Me or the thought of me?...” foi a minha vez de cantar, e a rodopiei de novo fazendo ela sorrir, fazendo ambos sorrirem. “I don’t trust myself with lovin’ you... I don’t trust myself with lovin’ you”, nós cantamos juntos e sorrimos.”
Novamente a imagem dela foi se apagando aos poucos e finalmente pude abrir meus olhos. Faltavam poucos minutos para pousarmos no aeroporto. Logo ouvi “Senhores passageiros, por favor coloquem os cintos que iremos pousar em alguns instantes”. Senti turbulência e pousamos em terra firme. Graças à Deus. Sai do avião o mais rápido que pude e peguei um táxi, levaria 40 minutos para chegar em Holloway. Por que ela tinha que trabalhar e morar longe de Londres? Não poderia morar comigo em Londres? Já estava de madrugada, ela ainda deveria estar trabalhando. Eu disse o destino que eu queria ir ao taxista e comecei a suar e ficar nervoso. Mandei uma mensagens para os meninos e para minha mãe dizendo que cheguei são e salvo. A próxima tarefa ia ser difícil, conversar com s/n.

S/N’s PART – Narrado por Você – 

Assim que chegamos ao bar colocamos nos uniformes e fomos trabalhar. Não estava muito movimentado como o de costume apesar de ser um local pouco afastado do centro de Londres, Holloway era uma cidade calma durante o dia e tinha suas agitações durante a noite e grande parte da madrugada. Mas é um lugar bom de se morar e trabalhar. O tempo foi passando rápido e o bar estava começando a ficar mais cheio, fazendo com que eu esquecesse o stress da Universidade e a má situação que eu me encontrava com o Liam, ou outros problemas. Estamos a quase 3 meses sem nos falarmos. Mesmo assim tenho boas lembranças que passamos juntos pelo breve período que fui pra LA. Não importava o quão distante estivéssemos ele está presente. Na minha memória. Na memória de outras pessoas ao lembrarem que somos amigos, e o mais importante, ele está no meu coração.
Joe tem sido um bom amigo desde que nos conhecemos. Tem sido paciente, companheiro e confiável. Sempre contava piadinhas pra me ver sorrir, mesmo sabendo que eu estava lutando contra mim mesma. Lutando pra vencer o orgulho e falar com o Liam ou, tentar esquece-lo e seguir em frente.
Um rock dos anos 80 ecoava pelo bar me fazendo ficar mais animada, e trabalhar com mais entusiasmo. Eu conhecia muito bem a música que estava tocando, o som do baixo pesado na introdução da música seguida da bateria e a guitarra me fizeram dançar. Bon Jovi. Livin’ On a Prayer. Sabia a música do começo ao fim. Fechei os olhos e comecei a dançar e cantar pelo bar, sendo o centro das atenções fazendo as pessoas pararem de trabalhar e se juntarem a mim nesse maravilhoso som. Peguei uma vassoura fingindo ser uma guitarra ou o pedestal do microfone. Nada importava pra mim naquele momento. Ouvi o som aumentar. Isso. Aumente o som. Eu estava a sós com a música. Estava a sós com Bon Jovi e sua extraordinária banda. Quando chegou o solo da guitarra fingi que eu era a estrela do rock que estava tocando aquela magnitude. “We've got to hold on, ready or not, you live for the fight when that's all that you've got... Oh, oh livin’ on a prayer...”. Agradeci aos céus mentalmente por Bon Jovi existir e por ter pego os Cd’s da minha mãe escondido e ter encontrado esta música que até meus filhos iriam escutar. “Oh, oh, living on a prayer... Take my hand, we'll make it, I swear... Oh, oh, living on a prayer”. Eu adoro e amo os clássicos. São formidáveis. Assim que a música acabou as pessoas se levantaram e bateram palmas pra mim, até Jack – dono do bar – estava entre eles. Fiz uma breve reverência e voltei a trabalhar. Agora tocou uma suave música Country e alguém abaixou o volume, fazendo o ambiente ficar mais calmo e agradável.
– Ei. O que foi aquilo? – Joe perguntou sorrindo se referindo ao “show” que eu fiz
– Ah... Eu adoro aquela música! – sorri
– É. Eu percebi... Você fingindo ser um astro do Rock por uns 4 minutos. – ele gesticulou com os braços fingindo que estava tocando uma guitarra
– Na verdade 4 minutos e 11 segundos.
– Nossa, agora eu sei o que te deixa animada! – ele riu – Aliás, bela performance.
– Obrigada. Vou deixar o número pra contato depois. – brinquei
– Você não cobra muito caro não né? Porque você desafinou um pouco... – zombou de mim
– Cala a boca seu idiota. – batei nele com uma flanela que tinha em mãos e dei uma risada
– Tudo bem, tudo bem... – ele levantou as mãos em forma de redenção e foi embora de volta ao trabalho
Comecei a rir sozinha ao lembrar da encenação que fiz por aqui. Seria bom que a vida fosse assim, sem termos com o que nos preocupar, sem termos essa correria do dia a dia.
Há pessoas que preferem a escuridão. Outras, preferem a luz. Eu, sinto que posso ser eu mesma na escuridão. Sem ter que fingir nada. Mas uma hora outra é necessário mostrar sua face para a luz. E era nesse momento em que eu estava, na luz. Ansiando pela escuridão para poder ser eu mesma.
– Joe! - chamei-o enquanto ele estava organizando algumas mesas, já era madrugada e o bar estava ficando vazio
– Algum problema? – ele veio ao meu encontro rapidamente
– Pode olhar o balcão por um tempo? Vou arrumar as prateleiras lá trás. - menti
– Tudo bem, pode ir! - sorriu pra mim gentilmente
– Obrigada – beijei sua bochecha e fui em direção à cozinha
"Cheque sua caixa de mensagem eletrônica", era o que ecoava em minha mente. "Foque em seu trabalho", dizia a parte racional de mim. Dane-se, eu vou olhar as mensagens de voz. “Você tem 25 novas mensagens” eu não conseguia ouvir direito a voz da secretária eletrônica por causa do barulho que os pratos faziam ao se chocarem um nos outros prestes a serem lavados. Tinha uma porta da cozinha que dava saída a um beco, onde colocávamos o lixo. Era mais calmo, só dava para ouvir o som dos carros passando de um lado para o outro no final do beco. “Para ouvir as mensagens aperte 1, para excluí-las digite 2.” Afastei o telefone do ouvido e encarei o visor, indecisa se apertava 1 ou 2. Apertei 1.
S/n por favor me ligue assim que receber essa mensagem”, era a voz do Liam. Deus, como era bom ouvir a voz dele... Eu comecei a chorar.
Minha deusa egípcia – reconheci a voz do Louis, o que me fez sorrir, ele sempre arrumava novos apelidos pra mim – eu estou com saudades, todos nós estamos. Sei que você precisa de um tempo, e está sendo forte o máximo que pode e respeito você. Mas nos dê notícias. Te amo, gata”.
            – Eu também te amo Boo – eu disse mesmo sabendo que ele não podia me ouvir, mas ele sabia disso.
Hm, s/n aqui é o Zayn. Eu e os meninos estamos preocupados com o Liam... Ele está... diferente. Me ligue assim que puder.
Olá s/n, aqui é o Harry. Espero que você esteja bem, mas acho que isso é difícil... mas sei que está tentando. – sorri com sua formalidade – Ele ainda não se acostumou com a sua ida... e acho que nunca vai se acostumar. – Liam sempre ficava inseguro e com medo só de pensar em me perder, e veja só, aconteceu. – Nós sentimos sua falta. Beijos. Amamos você. Sempre. – chorei mais ainda.
HELLO POTATO. – Niall disse animado, era simplesmente adorável quando ele me chamava assim. Eu sentia uma vontade de colocá-lo no colo e cuidar dele. – Bom, tenho certeza de que todos nós deixamos uma mensagem na sua secretária eletrônica, e é fato que estamos com saudades de você... Sinto saudade do seu brigadeiro, às vezes o Harry tenta fazer mas fica uma papa – eu sorri – e ele quase nos obriga a comer aquilo. Se Liam tem estado distante da gente quando estava namorando – estava? Como assim? –, agora com a sua partida ele se afastou mais ainda... – sou voz soou triste – Ele ficava olhando para as fãs na esperança que te encontrasse no meio delas, afinal foi assim que vocês se conheceram – Deus, por que está sendo tão difícil? – quando ele não olha para os fãs ele olha as estrelas e a Lua, ele disse que você tem o costume de fazer isso. – isso é verdade – Se você receber telefonemas em número restrito, não estranhe, é ele querendo só ouvir sua voz. – Joe esteve certo esse tempo todo. – Está cada dia mais difícil sem você, nós sentimos sua falta... – ouvi algumas vozes no outro lado – O que?... S/n... Tudo bem, Paul está com saudades. Temos show a fazer agora, beijos. Amo você.
S/n... – Liam sussurrou – Por favor, me atende. Eu... preciso de você – ele disse meio às lágrimas – Por favor... atende. Acabei o namoro com a Sophia, me desculpe por ter acreditado mais nela do que em você! Sinto sua falta. Te amo, pequena.” – eu poderia ter evitado isso tudo, eu deveria ter deixado de ser orgulhosa e ter enfrentar os meus problemas.

            Ele sente a minha falta isso é fato. Todos estão sentindo.

Minha mãe tem perguntado por você, e eu desabo em lágrimas ao lembrar que você foi embora... Os programas que nós costumávamos assistir nos domingos perderam a graça, já que você não está aqui para ver comigo. Tudo o que resta são só lembranças. Eu sempre ouço aquela playlist que você fez no meu celular com as suas músicas favoritas, e sinto que é como se você estivesse de volta na minha vida.” – eu sinto tanto, Liam. Será que você iria me perdoar?
Eu devo estar lotando a sua secretária, não é? – eu pude ouvir o som da sua risada – Eu geralmente tenho estado sozinho. Os meninos também sentem a sua falta, mas não tanto quanto eu sinto, já que somos... – ele parou e suspirou – Éramos próximos – essa doeu – Acho que só o tempo irá dizer... Tenho que desligar, eu... te amo.” – soou diferente de todos os outros “eu te amo” que ele dizia.
            – Eu também te amo, Liam – ele já sabia disso, não importando o que acontecesse.
É tão estranho continuar ligando pra você mesmo sabendo que só vou ouvir a secretária eletrônica... – era ele, e pela voz tinha chorado e ouvi a sua respiração ficar pesada, assim como a minha – Eu ainda não acredito que você foi embora sem se despedir de mim, peço desculpas por ligar em número restrito, mas é a única maneira de ouvir a sua voz. – eu encostei na parede, sentei-me encostando a cabeça em meu joelhos, e chorava mais ainda por ter feito o Liam sofrer tanto – Eu não tenho sido o mesmo que você costuma saber, estou me aborrecendo com coisas simples não estou sendo tão honroso com meu compromissos, sempre que estou prestes a entrar no palco vendo as fãs gritarem me lembro de você, e pergunto-me se ainda você sente orgulho de mim... E eu algum lugar dentro de mim diz que sim. – sim Liam, eu sempre vou me orgulhar de você – Eu só espero que esse tempo passe rápido, para que eu possa ter você em meus braços novamente. Eu... – eu passava a mão entre os fios do meu cabelo desesperada, e me levantei bruscamente – Eu sinto... a sua falta. – ele chorava, chutei a lata de lixo com raiva e escutei alguns cachorros latirem – Lembra quando eu disse que eu não seria nada sem você? Absolutamente nada? É o que eu sou agora, nada.” – joguei o celular na parede com raiva, derrubei a lata de lixo e soquei a parede o máximo que eu pude, afim de esvaziar-me daquela maldita raiva que eu sentia. Não sentia dor, não me importava com os cortes que o concreto do muro estava fazendo em minhas mãos. Tudo o que eu sentia era dor.
– Idiota – cuspi essa palavra com mais raiva ainda, enquanto golpeava a muralha que estava a minha frente – Mil vezes i-di-o-ta. – chutei a lata de lixo, já fora de controle – SUA. IDIOTA. Imbecíl... – essa era nova. Minha visão estava embaçada por causa das lágrimas – Você só pensa em você mesmo, não se importa com os outros. – chutei a parede
– S/n? – Joe me abraçou tentando me conter
– ME LARGA. – eu batia em seu peito – ME LARGA. – ele por fim me soltou, cerrei os punhos com força e voltei a dar socos na parede já sentindo uma ardência
– S/N, PARA COM ISSO! – ele tentava puxar meu braço
– NÃO! ME DEIXE EM PAZ, ME DEIXE SOZINHA! – peguei um ferro que estava no chão e bati na lixeira
– NÃO! – ele puxou o ferro das minhas mãos e eu caí no chão permitindo-me chorar – O que aconteceu s/n? – ele correu até mim e me abraçou. Eu estava tão cansada.
– Eu deixei ele entrar, Joe. – eu chorava descontroladamente
– Shhh... – ele alisava meus cabelos e me balançava em seu colo, como se estivesse colocando um bebê para dormir – Vai ficar tudo bem. Shhh... – ele falava baixinho
– Eu deixei ele entrar na minha vida. – falei agarrando a camisa branca dele manchando-a do sangue que escorria pelas minhas mãos – Eu deixei ele entrar no meu coração... Eu fui fraca – eu tremia – Eu deixei ele destruir o muro que eu construí... E agora ela o tirou de mim. Ela... o tirou de mim, Joe. – ele sabia que eu estava me referindo a Liam – Eu não aguento mais isso...
– As costas das suas mãos estão sangrando, nós temos que ir até o hospital – ele estava prestes a me pegar no colo
– Não! – puxei sua camisa mais uma vez
– Por Deus, s/n... Por que você tem que ser tão teimosa? Vamos pelo menos lavar e enfaixar, tudo bem? – ele me pegou no colo e me levou para a cozinha que já estava vazia, e colocou-me sentada numa cadeira – Fique aqui eu já volto. – acenei com a cabeça, minutos depois ele voltou com uma tigela com água e um pano – Lave. – ele disse sério e eu o encarei – Não me faça pedir de novo s/n! – ele estava com raiva. Lavei minha mãos mas ainda continuaram sangrando mesmo depois de ter enxugado, pelo visto alguns vasos sanguíneos romperam. Joe pegou a faixa e enrolou passou em volta das minhas mãos calmamente, mas pude observar seu maxilar travado. – Pode mexer os dedos? – ele perguntou assim que terminou de enfaixa-los.
– Um pouco – falei com a voz trêmula e mexi os dedos com dificuldade. – Obrigada – olhei-o triste, e fui em direção ao bar fazer a contagem do dinheiro... de volta ao trabalho. Meus dedos doíam e minutos depois surgiram algumas manchas de sangue sob a faixa, mas depois parou. Joe sentou próximo a mim e ficou me observando. O pequeno sino ecoou pelo bar indicando que alguém tinha adentrado no local, e ele se pôs de pé – Desculpe, mas já estamos fechados. – não olhei quem era. Já eram 02:50 da madrugada e Joe foi até a mesa onde a pessoa estava sentada e pegou o bloco de anotações, mas logo voltou. – Ele quer que você atenda ele...
– O que? Mas já estamos fechados. – ele estendeu o bloco e a caneta em minha direção e peguei com as mãos trêmulas, e sai bufando com raiva.
– Boa noite. – ele olhava o cardápio enquanto eu procurava uma folha limpa – Já sabe o que vai pedir? – eu olhei para ele, sem acreditar no que estava vendo... Olhei para Joe, brevemente e ele mexeu os lábios “Sim”, foi o que eu consegui entender. E engoli seco, voltei minha atenção para ele.
– Um café, e uma conversa talvez... – ele disse calmo.

Três meses sem vê-lo, sem falar com ele. E ele estava ali na minha frente, pronto para por um fim no que estava acontecendo entre nós. Pronto para um recomeço, talvez. Mas será que eu queria isso?
E lá estava os belos olhos castanhos de Liam, esperançosos esperando uma resposta.

Nota da autora: Este capítulo foi baseado em fatos reais. Mil desculpas pela demora. Sei que já fez 3 meses que eu não posto aqui, é que estamos em reta final no Pré-Vestibular, ENEM chegando... Então está muito corrido mesmo. Os imagines costumavam ter mais de mil visualizações e reduziu bastante depois do meu post de esclarecimento. O último do Liam teve pouco mais de cem visualizações. Enfim, a parte final vai ser postada em breve. Vou tentar ser o mais rápida possível. @anwdirection

3 comentários:

  1. Bom... O que dizer sobre esse imagine do Liam? ELE É INCRÍVEL! E esse capítulo então? Esta DIVINO!

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  2. adoro essa fanfic
    agora to curiosa pra saber o q vai acontecer
    tomara que ñ demore muito o proximo

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